segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sucesso de críticas para o filme O Homem que Engarrafava Nuvens

“Teixeira renasce nesse filme, que tem a ambição não só de resgatar sua memória artística como também a pessoal”
Por Neusa Barbosa do Cineweb para O Globo Cultura


“O filme devolve a Teixeira o lugar que lhe pertence.”
Luiz Zanin Oricchio para estadão.com.br


“O mais encantador é que, apesar de musical, o filme não interessa apenas pelas canções. Sendo fã ou não de baião, é impossível não se conectar com a montagem esperta que foge do frenesi, mas dá agilidade à história.”
Por Heitor Augusto para o Cineclick


“O Homem que Engarrafava Nuvens dá conta do pessoal e do profissional, além de fazer uma homenagem ao nosso país, com impressionante destreza.”
Fred Burle no blog http://fredburlenocinema.blogspot.com

Um comentário:

  1. O cinema: minha droga. Neste último final de semana estava especialmente melancólico, e o domingo só veio solidificar a angústia. E nada parecia suprir o vazio, talvez fruto da constatação, dolorosíssima, de que na segunda retornaria ao trabalho. Mas meus prazeres principais, ler, assistir um bom filme no telecine, ouvir música etc. etc. não trouxeram nenhum alívio. Sem energia para interações, e os poucos amigos que procurei não estavam por perto. Vaguei pela Livraria Cultura, descobri novos CDs, livros, nomes, mundos a explorar. Mas cultura custa caro, saí levando mesmo apenas a revista temática da livraria, que é de graça. E de repente, muito mais para me abrigar da chuva iminente que no fim parece que não caiu, vi-me no Espaço Unibanco de Cinema, sem as filas quilométricas habituais de domingo no final da tarde. E entrei para ver “O homem que engarrafava nuvens”. Já tinha visto o trailler, estava animado com a estréia desse longa, do diretor que já admiro, o pernambucano Lírio Ferreira. E sabia quem o documentário abordava: Humberto Teixeira, o “Doutor do Baião”, parceiro de Luiz Gonzaga em composições memoráveis. O filme é um primor do começo ao fim. Emocionante sem ser piegas, sentimental sem ser melodramático, profundo, esclarecedor, histórico sem pretender ser didático. E nos mostra a construção de um ritmo que ajudou a formar o Brasil, num determinado período de sua história, interpondo-se na malha de nossa cultura, na alma do povo, no imaginário da cultura nacional como o sapê que vai formando a casa sólida do sertanejo, derramado entre as tramas da madeira. Pouca coisa existiria na música brasileira, hoje, não fora a modernidade de Luiz Gonzaga e seus parceiros, o principal deles Humberto Teixeira. Um migrante, mas advogado, poeta, escritor, político, sonhador. Sem nunca abandonar suas raízes e as tradições do seu povo, o que rendeu músicas inesquecíveis como Asa Branca, Baião, Kalu, Paraíba. Unido a outro migrante, o ousado e sempre moderno Luiz Gonzaga, que soube tornar-se uma celebridade e inventar para si figurino, acompanhamento e uma mítica próprios de grandes estrelas, formando um estilo único e original e revelando o Nordeste ao Brasil e ao mundo.
    O filme, que também mostra a filha de Humberto, a atriz Denise Dummont, numa viagem interna e concreta em busca da imagem do pai, conhecendo-o algumas vezes quase que simultaneamente a nós, espectadores, é maduro, bonito, lírico. Um dos seus trunfos principais, talvez o maior deles, é a montagem, primorosa. Senti falta apenas de legendas, em alguns momentos em que desconhecidos invadem a tela, cidades não são reveladas, filmes antigos não identificados. Mas isso não compromete o filme, talvez as pessoas nem tenham a mesma queixa. O filme é uma poesia. E termina de modo magistral, mostrando a força da música nordestina ainda hoje, e fora do Brasil. Foi quando mais me emocionei: ao ver Bebel Gilberto dando a sua contribuição charmosa e misturando baião e bossa, português e inglês, nehuma interpretação linda de “Juazeiro”, e David Byrne, que pareceu incorporar a força e “rudeza” da voz de Gonzaga, ao interpretar um dos clássicos do nosso baião. Um sertanejo não cantaria melhor!
    O filme salvou minha vida no final de semana. Pronto, eu já podia começar minha nova rotina nesta segunda!

    Renan Barbosa (www.myspace.com/barbosarenan)

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